sábado, outubro 24, 2009

Técnica evasiva para conversas desagradáveis.

Não gosto muito de conversar, principalmente se não estou no humor mais adequado para socializar. Detesto aquela conversa de exposição de opiniões, principalmente se elas vêm de gente que nem sabe do que está falando. Por isso mesmo eu uso o blog. Posso falar a besteira que eu quiser sem ter que esperar a outra pessoa terminar a besteira que ela está falando, fora que não corro o risco de ser interrompido, o que é a certeza de um alívio. Odeio esperar e ser interrompido. Por isso nunca puxo conversa, só sobre temperatura, será que vai chover, trânsito, falta de mulher gostosa no trabalho, essas coisas incontestáveis.

Falando em trabalho, ao findar este ano, completo 1 ano e meio lá. Confesso que nunca tinha passado por um contato tão intenso com tanta gente ao mesmo tempo. Nem quando participei de orgias de carnavais passados. Mentira, ainda não fiz isso. Ter que lidar com muita gente todos os dias, de um jeito que elas passam a fazer parte do teu cotidiano, é muito complicado. Principalmente se você detesta conversar.

Se tem uma coisa que não suporto é contato físico. Detesto mais ainda é gente que fala me cutucando. Pior do que isso, só as pessoas que parecem ter um detector de assuntos delicados e fazem questão de ser desagradáveis e insistirem na pergunta. Por exemplo: e aí? E o concurso? Fez? Passou? Não? Por quê? Porra! Por que que não se passa num concurso?! - e ainda emendam: po, cara, és formado em Direito, isso te ajuda muito e (daí vem uma enxurrada de tolices). Não sei como ser advogado me ajudaria. Ganho pontos extras na prova? Eles arredondam minha nota pra cima? Sou advogado porque é muito fácil entrar na UFPa, se formar e passar na OAB (nem tão fácil, mas enfim), só por isso. Mas tá. Odeio esse papo.

Poderia passar a noite elencando situações constrangedoras, sobre conversas em que as pessoas dão muita informação, ou piadas extremamente sem graça, ou quando o camarada começa a contar todas as histórias de infância em que só ele ri... não sei por que essas pessoas fazem isso. Poderia passar a madrugada fazendo isso, seria engraçado, mas não vou.

Ao longo destes últimos 18 meses, desenvolvi a melhor técnica para evitar o constrangimento ou se esquivar de conversas chatas. Consiste basicamente em dar ao interlocutor o que ele quer. Normalmente quem fala muito quer mais ouvir sua própria voz do que saber da reação do ouvinte. O tagarela chato só quer mesmo o feedback para ter a certeza de que alguém o está ouvindo.

Deste modo, tenho aplicado tal técnica sempre buscando uma automação nas resposta, de modo que eu não precise interromper nem o que estou fazendo, muito menos o que estou pensando, para me livrar daquela seqüência miserável de ataque massivo à minha esfera de paz e tranqüilidade.

Para frases longas e mais complexas, o melhor a se dizer é "nossa, é mesmo?", ou "entendo". Sempre evitando discordar. Pelo amor de Deus, não dê pano pra manga. Um riso também é uma boa. Uso muito no MSN um "hehe". Funciona bastante.

Para frases mais curtas e rápidas, é bom usar a técnica inversa: você devolve ao falador perguntas para as respostas que ele já deu. Por exemplo, quando ele disser "Essa baixa do dólar vai melhorar muito a vida das pessoas no Brasil" e mesmo que você saiba que não é verdade, dane-se, a discussão de vocês não vai mudar nada, então diga "égua, pode crer" ou o arriscado " tu dizes?", porque aí ele vai entrar num looping quase infinito de afirmações extensas. Daí que vem uma outra abordagem bastante simples: tenha sempre o celular por perto. Qualquer coisa é só dizer "só um minutinho" e atender a falsa ligação e sair correndo. Isso do celular eu uso muito quando encontro pessoas na rua. Odeio encontrar gente que conheço na rua. Eu atendo o celular e finjo que to tendo uma discussão horrível e passo direto.

Mas a melhor de todas as técnicas é uma que pode ser usada em grupo. Implementei lá no trabalho por duas vezes nesta semana e funcionou perfeitamente: um chato amamãezado sempre nos perturba contando algumas histórias da infância de gente branca de classe média alta, daquela geração de filhos de militar durante a ditadura. Daí que ele ri muito dos causos, mas ninguém mais ri junto. Que fiz? Quando ele começa a falar, combino com meu outro colega de sairmos da roda de conversa e sempre deixamos uma pessoa, coitada, no caso minha amiga L., ouvindo a história até o fim. Ela reclama com a gente depois, mas eu não sou obrigado a ouvir sobre como o Brasil era feliz na Ditadura e não sabia.

Po, não achei nenhuma foto pra colocar no post. Gosto de pôr fotos porque tem gente que visita aqui e só olha as figuras. Não gosta de ler o texto. Perdão.

3 comentários:

  1. Porra seu maldito, tu usa esas tecnicas em mim direto né ? hahahahaha tu vais ver !!!

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  2. Haha Bom seria se o assunto fosse como o Brasil era feliz na época da Ditadura.Bem sabes que não é :)
    Por falar em técnicas, favor listar alguma técna evasiva para conversas desagradáveis no carro. Detalhe, carro sem som rs* e percurso de aproximadamente 15km.

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  3. Com certeza vou aplicar o que você sugere, odeio conversar sobre coisas sem importância no trabalho.

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