quarta-feira, setembro 30, 2009

Please, be patient with me

Mais de uma pessoa me reclamou que agora eu só falo de banda e de roque, deixando de lado a idéia das perguntas, que tanto gostavam. Bom, se eu fosse falar só de uma coisa, teria que fazer alguns vários blogs ao mesmo tempo, coisa que já tentei há alguns anos e não deu muito certo. Pensando aqui rapidamente, teria que ter um sobre games, outro sobre séries, outro sobre filmes, outro sobre comida e lugares para comer em Belém, outro sobre meninas/garotas/mulheres, outro sobre homens X mulheres, outro sobre filmes de sacanagem e mais um sobre sexo em si. E outro pra reclamar de tudo isso.

Por isso, caros leitores, peço paciência para que possamos todos desfrutar desta infinidade de assuntos interessantes que gravitam em torno deste humilde blog. Aproveito o ensejo também para agradecer a grande quantidade de visitas ao blog e também os comentários sempre muito pertinentes e interessantes.

Falando em ter paciência comigo, pensei em pôr um vídeo do Chaves, não o detestável Hugo venezuelano, mas o mexicano do 8. Pensei, mas preferi um de uma das minhas duas bandas favoritas:


terça-feira, setembro 29, 2009

Ismael Machado mete ficha. E eu também.

Sobre a matéria de Ismael Machado, o autor do livro Decibéis sob Mangueiras, colunista do Diário do Pará, uma das vozes mais eloqüentes e que mais tem a capacidade de falar com propriedade sobre o rock paraense; jurado nas seletivas Se Rasgum 09', e jurado de morte também por algumas bandas que foram alvo de sua sinceridade, que muito admiro, mas que muitos não.

Desta vez, Ismael aplaude o show do Mukeka di Rato, no último sábado, em contraponto à vexatória apresentação de Titãs & Paralamas, na sexta anterior. Gostaria de ressaltar que o jornalista em questão não tem nem o mínimo motivo pra querer levantar a bandeira da música independente, nessa guerra fria que vivemos contra o zumbi que são estas bandas dos anos 80, que, desculpe a expressão da palavra, não fodem e nem saem de cima.

Confira a matéria no Diário do Pará aqui. Ele ainda cita o vexame de uma pagodeira gigantesca que protagonizou uma das cenas mais bizarras em um palco, arrancando o batera da banda All Still Burn no meio do show e dando piti.

Aproveito também pra dizer que sou muito fã de Paralamas do Sucesso, dos que têm todos os discos ( me falta apenas um, na verdade ), mas de que me adianta um amor pela metade, se esta banda mais manca do que outra coisa? Eu gostava mesmo era dos álbuns obscuros do início dos anos 90, ou até mesmo o Nove Luas e o Hey Nana, que mostram a competência em misturar tudo que é brasileiro e fazer um bom disco, como se vira em Selvagem, BigBang ou Bora Bora. Paralamas é uma banda incrível, mas há uns 3 discos já deixa muito a desejar.

Já os Titãs, deveriam ter parado no Volume II, que já era uma forçação de barra em cima do acústico. TUDO o que se seguiu àquilo, definitivamente não presta pra absolutamente nada. Não chega nem perto de lembrar as erupções criativas do Cabeça Dinossauro, Titanomaquia, Tudo ao mesmo tempo agora ou do Õ Blesq Blom. E talvez o Domingo (discografia aqui). Aliás, tem uma coisa boa lançada pelos Titãs recentemente: o doc sobre a banda. Vale muito a pena ver.



Não é que o cara tenha que parar de fazer música depois que envelhece. Tudo bem que, quando você tem 20 e poucos hits nas costas, dificilmente o grande público, que eu considero imbecil, não liga pras músicas novas, não está nem aí pro que você tem de novo pra mostrar. Nem público, nem Tv, nem rádio. Já viram quando vai um artista no Faustão? Como ele faz? Toca primeiro um hit antigo e bem famoso, pras pessoas saberem quem ele é e se acostumarem com a falsa idéia de que sabem tudo sobre música, e então o artista lá toca uma nova. E vem a legenda pro animal acompanhar e cantar junto. Assim que rola a hipnose.

Chega desse revival chato e infinito dos anos 80! Chega!

E olha que eu nem falei de uma banda que se sujeita a ter o nome de Bikini Cavadão e tocar cover de tudo que é 80's pra não passar fome.

segunda-feira, setembro 28, 2009

Um tributo delinqüente: 19 anos Balanço do Rock


Dezenove anos atrás surgia o programa de rádio mais importante para a história do rock no norte do país. Deste país, digo. Em 1990, o Balanço do Rock foi concebido para ser uma série de 12 programas especiais sobre as décadas 50, 60, 70 e 80. Acabou que o programa seguiu e extrapolou o projeto inicial, perdurando desde então até hoje.


Tudo o que é rock - e também muito do que não é necessariamente - passou pelas mãos do há muito tempo apresentador Beto Fares, figura emblemática e em quem repousa, tenho certeza, a confiança e o respeito de todos os atores desta cena roqueira. Produtor de mão cheia e profundo conhecedor de música, e não só de rock, Beto, ao lado da doce produtora Regina "Regi" Silva, dos mais antigos que sempre aparecem nas tardes de sábado na FM da Rádio Cultura, como Teco Trovão e Felipão "Pedro&Bino" Gillet, ou dos mais novos que sempre mantém o sangue novo correndo nas veias do programa, como Camillo Royale e Raquel Serruya, programa o espelho que reflete a real imagem do rock paraense.


E para comemorar o aniversário, às vésperas de completar duas décadas, a produção do BdoR organiza um tributo à banda Delinqüentes, dividindo os seus maiores clássicos entre 10 bandas de estilos diversos.


Sábado, 26 de setembro, foi o dia da audição das versões de cada banda. Imagina: 10 bandas reunidas em um estúdio de rádio, ouvindo juntos e comentando sobre o resultado, tudo ao vivo, no ar. Só podia ser no BdoR. Uma festa muito bonita, sem bolo, reclamamos, mas tudo bem.


Tirando um ou outro chilique, o programa comemorativo de 19 anos do BdoR foi muito divertido. Impressionante mesmo foi o fato de que todas as bandas puseram à prova o excesso de talento que há dentro de si, já que no pouquíssimo tempo de 4 horas de estúdio, realizaram grandes releituras de clássicos do hardcore (diria nacional, sem dúvidas), em versões impensáveis, como na suave e doce voz de Ana Clara cantando Utopia Milenar, transformando os bardos de Jayme Katarro em poesia. Digo, evidenciando a poesia que já há no Delinquentes, acompanhada por uma onda mpbista quase sensual, de tão preguiçosa, não num sentido ruim, mas de um jeito quase de se espreguiçar, numa rede, num ventinho. Gostei mesmo dos delays, efeitos e do midi de guitarra criados por Ulysses Moreira, técnico responsável pela mix e pelas gravações de todas as faixas.


Além desta versão, a do Pro.efx & Bruno B.O., com Delinquente, num eletro-hip hop muito doido, e do Massa Grossa (Pio Lobato, Iva Rothe e cia.) me chamaram muito atenção. Não à toa sou super fã do Pio. O modo como o Massa Grossa deixa L'uomo Delinquente tensa, tão tensa, numa mistura de guitarrada com "carimbó doom" é impressionante. É uma elegância quase arrogante nos arranjos, de quem tem a certeza em fazer a melhor versão do disco todo. Pelo menos é a que me tomou de assalto e, no susto, me deixou besta. Eu gasto muito tempo e algum dinheiro tentando achar timbres muito bons pras minhas guitarras, enquanto Pio Lobato só pluga a dele em linha, direto na mesa, e faz como mágica. Incrível.

Outra que merece ser comentada é a versão do Suzana Flag, com Planeta dos Macacos. Joel é, sem dúvidas, o senhor dos arranjos pop de todo o norte do hemisfério sul, e digo isso sem medo de errar. Impressiona a qualidade da produção dos vocais, da melodia e harmonia na releitura do SF, transformando um mega hit HC muito do seu porrada em uma manhã ensolarada de domingo na Praça da República, com família e sorvete lambregado na ponta do nariz. Na parte em que Suzane canta na sua eterna voz de menina "Camburões sufocantes, celas gélidas /Tortura de inocentes por gambés incompetentes" ,eu quase grito " me prende, me prende". Muito foda.

Turbo, tocando O Viciado, mostrou um elaboradíssimo arranjo, com violões, várias camadas de guitarra, um baixo retão, muito másculo, dos antigões anos 70 da Giannini, e um coro gritando no refrão "Não acredito, em portas abertas com mãos amarradas /Não acredito, em braços furados com mãos doloridas /Não acredito, em doces viagens de lombra errada"Pareciam mil pessoas, mas nem eram. Do mesmo modo que a versão do Sincera soava de maneira jazzista, com um trompete muito do seu malandro, cabendo certinho no tema de Vaga Mundo, marcado pelo vocal ora manso, ora gritado de seu vocalista performático, Daniel. Sob a batuta de João, que participou em diversas outras faixas como batera, guitarra, violão, vocal, o Sincera fez uma das versões mais elogiadas, pela ousadia dos jovens garotos que parecem pipoca em panela quente nestes últimos meses.

Por fim, tive a oportunidade de participar com o Aeroplano da canção Um belo dia pra morrer. Eric, o líder da banda, alto e que todas as meninas querem, desfez a versão original, ultra agressiva e destruidora, reconstruindo-a em acordes abertos e com uma harmonia vocal mais melodiosa, abusando de guitarras single coil, que para uns remete logo a Sonic Youth, enquanto que para outros é mais Radiohead. Nicolau, figura folclórica e de destaque político neste meio independente amazônida, preferiu dizer que esta versão lembrava muito uma banda dos anos 80, cujo nome não me recordo. Ele frisou que era um elogio. Jayme sentiu medo da releitura, mas eu juro que a principal mensagem que a música trouxe a mim foi " hoje está um belo dia pra morrer", significando que poderia acontecer qualquer coisa, que estaria tudo bem.

De tudo, acho que há uma característica comum em todas as versões feitas pelas 10 bandas que participaram do tributo ao Deliquentes, comemorando os 19 anos do Balanço do Rock: a força das letras desta banda. Ignorante e analfabeto cultural que sou, nunca reparei muito nas letras de bandas de HC. Confesso que não é a minha praia, e muito provavelmente nunca será. Fiquei impressionado com o alto grau de expressividade e a escolha certeira das palavras na hora de transformar o discurso social e a revolta em canção. Pra quem não teve a oportunidade de ler algumas das letras, aí vai o link: http://letras.terra.com.br/delinquentes/

Segue a lista das músicas e seus respectivos re-criadores:


1. Suzana Flag - Planeta dos Macacos
2. Pro.efX - Delinquentes
3. DHD - Gueto
4. Turbo - O Viciado
5. Sincera - Vaga Mundo
6. Massa Grossa - L'uomo Delinquentes
7. Aeroplano - Um Belo Dia pra Morrer
8. Coisa de Ninguém - Cicatrizes de Guerra
9. ION - Fábrica
10. Ana Clara - Utopia Milenar



Em breve, disponibilizo o áudio de todas, assim que a permissão me for dada. Parabéns Beto Fares, parabéns Delinquentes, parabéns bandas que fizeram a parada, e parabéns ao Balanço do Rock. E vida longa ao maior programa de rock do estado.


domingo, setembro 27, 2009

Didi pergunta: Entrevista com Aneurysma, de Tucuruí-PA.

Dá pra sentir o cheiro de Seattle - mesmo pra quem nunca esteve lá, como eu - nas músicas deste trio originário de Tucuruí, sul do Pará. Estava ouvindo aqui o bastante bem feito myspace deles e tentando descrever da melhor forma como a inocência destes meninos é carismática e cativante. Se há algo que emociona a nós - pelo menos aos meus amigos e a mim - da capital do estado, é a força de vontade e a raça destes três guris que já rodaram boa parte do Pará, arranjando shows em vários lugares ermos, remotos e completamente fora do centro de produção e de consumo de música e cultura pop independente.



Estilão calça rasgada, cabelo seboso, guitarras adesivadas, chorus pra baladas, drive e strato comandando nos riffs muito do seu kurt Cobain, o Aneurysma cumpre à regra o protocolo grunge, incluindo destruição no palco e noise à beça. Bati um papo com o Neto, o batera gente boa, que conta pra gente como faz pra ser tão virado e tocar tanto, mesmo vindo de um lugar tão distante do centro político-econômico da região norte.

PPD: O Aneurysma é a banda mais relevante do sul do pará que se tem notícia. Que outras, em outras cidades, fora de Tucuruí , que vcs conheceram?

Neto:  Ah, muito obrigado pelo reconhecimento. Então, a gente já rodou algumas cidades do Pará. Na verdade, foram 6 cidades. Existem muitas bandas e grandes pessoas querendo mostrar seu trabalho, como organizações e produtoras, mas essas "cenas" ainda estão aprendendo a fazer musical autoral e trabalhar em cima disso. Destacamos bastante a cidade de Marabá, que tem um cenário fortissimo e bandas autorais e
a banda Teatro de Quimera, que é muito legal. Em Capanema, que foi um show bem massa, tem a galera da Tarja Preta que tá fazendo um som autoral muito massa e em breve estarão lançando um EP, mas a galera ainda está colocando na cabeça que musica autoral é fundamental para se começar uma carreira. Desculpa falo demais. (risos).


PPD: Como foi enviar a mensagem do trabalho de vcs e ver ela chegar até a capital?

Neto:  Égua, foi muito trabalhoso. Nada foi fácil pra gente. Já começou ruim, porque é rock e aqui em Tucuruí, fica muito complicado de se trabalhar e divulgar, por falta de espaços e tal, mas agente usou a Internet pra se influenciar e vimos que hoje em dia existe uma cena. Era uma coisa que poderia dar certo, aí agente começou a fazer contatos em diversos locais. Em Belém conseguimos o contato do Sandro-K, que foi nosso principal incentivador. Nos abriu espaço pra tocar em Belém com um show massa de bandas de fora e um local massa que é o Afrikan Bar. Ele confiou na gente e apostou sem mesmo conhecer o som. Ainda bem, né, porque deu certo. A partir daí, fizemos vários contatos e amizades em Belém.


PPD: Deixa ver... me fala mais de vocês, da banda.

Neto:  Na verdade, a banda foi montada acidentalmente, porque eu tinha uma banda chamada Titanium e estavámos sem vocalista. Daí, então, me apresentaram o Márcio que é o nosso guitarra e voz. Ele era pra ser o vocal, mas acabou que foi uma coisa acima do normal. O Márcio ouvia e gostava de tudo que eu gostava, e eu tava cheio de banda de pop. Daí montamos um cover do nirvana. O baixista, Marcelo, é irnão do Márcio. De Outubro de 2006, até metade de 2007 ficamos tocando nirvana e outras bandas que nos influenciam até hoje. No 2° semestre de 2007 começamos a fazer musicas e tocar em algumas cidades do Pará. Em 2008 agente se virou como "ninjas" e gravamos nosso EP "Do Fundo de Nossas Cabeças", e lançamos no final de 2008 pelo selo "Ná music", outra  grande vitória nossa. uhuuu!



PPD: Que shows já fizeram aqui em Belém? E participaram de festivais em outras cidades, com bandas de renome?

Neto:  Apesar de pouco tempo, a gente deu uma rodada por algumas cidades. Tocamos em Altamira-Galpão do Rock, Cametá, Capanema-III Arte Indepedente, Marabá-Festival Conectados, Breu Branco, tocamos em Belém com as bandas Atrigget to Forget e My Fair Lady - ambas de Fortaleza, fizemos o Balanço do Rock, e também o Grito Rock Macapá/Santana, Almeirim no Skol Rock Festival e Dom Pedro no Maranhão, onde fizemos nossa 2ª cidade fora do Pará. Essas foram as principais.



PPD: O que o Aneurysma quer?

Neto: Cara, tanta coisa... mas agente pretende tocar no maior numero de cidades e para públicos grandes também. Queremos mostrar nosso trabalho e gravar um CD completo, além de participar dos Festivais Indepedentes, que é o nosso sonho, começando pelo Se Rasgum. É tão legal você ver que a música independente está crescendo cada vez mais. Não queremos nunca parar e nem desistir de conquistar esses objetivos como pessoas e como banda.


quinta-feira, setembro 24, 2009

Lava ou Limpa?

Recomendado por um colega aqui do trabalho que parece ter deixado há muito tempo o bom senso de lado, 
para nossa alegria.




quarta-feira, setembro 23, 2009

MS no Diário do Pará de hoje.


Ainda tá distante, mas é bom ir divulgando logo.


E brega lá é cultura?

Tanto quanto eu acredito que é independente. Só que de massa.



Muito bom!

Pedaleiras e Pedais.

Não tem conversa mais clichê entre guitarristas do que a discussão sobre o que seria melhor, usar pedaleiras ou pedais. A pergunta para este Didi que vos fala foi feita pelo recém-psicólogo e há muito tempo guitarrista Eric Alvarenga, que usa pedais, ao conversar com Andrey Moreira, publicitário, funcionário da IBM e guitarrista há mais tempo que todos nesta terra, que abraça a causa das Pedaleiras.

Eric me perguntou: por que guitarristas que só usam distorção compram pedaleiras? O papo aqui vai ser chato. Então, se você não tem nada a ver com este assunto, passe para outro post.

Pedais são dispositivos acionados pelos pés que ficam entre o instrumento e o amplificador e modificam o sinal da sua guitarra, de acordo com o seu respectivo efeito.


Há os analógicos, que tratam o sinal continuamente, obtendo o efeito somente com componentes eletrônicos, como resistores, capacitores, diodos , transístores, circuitos integradosm como amplificadores operacionais, e as vezes até válvulas ou chaves seletoras.


Há também os pedais digitais, que processam o sinal, com amostragem do valor da tensão e por equações matemáticas. Quem executa essas equações é um circuito integrado especial, chamado DSP (processador digital de sinais).


Normalmente cada pedal tem sua particularidade. Seu sistema trabalha exclusivamente para aquele determinado efeito, como se fosse sua especialidade. Normalmente os guitarristas mais puristas dão muito mais valor a pedais analógicos, porque estes conservam um sinal muito mais vivo, quente, brilhoso, mais visceral do que os efeitos gerados por pedais digitais. Daí também a preferência por pedais em detrimento às pedaleiras em geral.







Entretanto, há diversos argumentos em prol de pedaleiras digitais e processadores de efeitos para guitarras. O principal é a comodidade de se ter tudo o que se precisaria em uma única 'lata' grande, em vez de ter diversas 'latinhas' ligadas por cabos. Outra: o preço. No meu board, por exemplo, tenho pelo menos 3 pedais que tem o valor em torno de mil reais cada. E olha que eu uso 9 pedais diferentes - por enquanto. A pedaleira top do mercado custa uns 1500 reais. Entre os pedais, tenho que pôr cabos de muita qualidade, para evitar perda de sinal, ruídos, etc. Cada plug de cabo entre os pedais, custa 18 reais. Plug! E aí? Não é mais vantagem comprar uma pedaleira top ou um pouco abaixo, que tenha todos os efeitos básicos que um guitarrista precisa ter? Depende.


Aí tenho que voltar à pergunda do Eric, que deu início a esta conversa cá. Hoje, os processadores de efeito evoluíram bastante. Simuladores de amplificadores como os POD, da Line6, são quase perfeitos. Tanto o é, que são utilizados por bandas gringas em gravações de seus discos, como se amplificadores fossem. EVIDENTE, pelo menos na minha humilde opinião, que um não substitui o outro, mas, na impossibilidade de se ter um certo amp à mão, por que não usar o tão bem elogiado simulador? Sou dos que acredita que absolutamente nada substitui o punch de um bom falante de 12" microfonado, o movimento do ar entre o mic e o falante e válvulas bem quentes, mas se fosse comigo, eu testaria, pelo menos, antes de desdenhar.


Sobre usar distorção em pedaleira. Digamos que uma POD X3 custe 2 mil reais. Nela você tem efeitos básicos, que não tem nada de mais, como chorus, delay, flanger, phase, vibe, rotary, etc., além de distorção e simulação de diversos amplificadores e microfonações, com intenção de se plugar diretamente em linha, sem precisar de um amp no palco, ou seja, diretamente na mesa. E funciona.


O que o Eric questiona é que, no lugar de se adquirir uma pedaleira, o guitarrista que só usa distorção poderia comprar um bom pedal de distorção valvulado, que custa bem menos, ou investir num head com canais de distorção. Aí é carregar o bicho pra cima e pra baixo.


A galera do metal e new metal adora as POD XT Live (foto), mas sou partidário da idéia de que é melhor esse povo comprar um head, porque é muito deselegante você ter muitas possibilidades em  um equipamento e sequer tentar usá-las. 


Um amigo do trabalho, Bruno Rabelo, ex-Cravo Carbono, hoje mesmo me perguntou sobre pedaleiras. No caso do  Bruno, é bem mais plausível a opção pelo digital. Usualmente, ele experimenta diversas texturas de camadas de guitarra e aplica isto nas gravações caseiras que faz. Atualmente, boa parte das pedaleiras mais modernas lança mão de um dispositivo USB para gravação direta na interface ligada ao computador. Uma baita mão na roda pra quem não quer ter o trabalho, ou não tem o equipamento necessário, para microfonar um amp. Imagina, substituir uma mesa de som, pré amp, cabos e cabos, microfones caríssimos, a técnica para microfonar e um bom amplificador por um simples cabo USB. Lindo, né?


Se há uma verdade entre Pedais X Pedaleiras é que depende muito mais da finalidade do equipamento e do guitarrista que o está usando. Particularmente, tive duas pedaleiras, zoom 505II e ME-50 BOSS. Abusei das duas. Ambas me limitaram. Testei GT3, GT6, GT8, todas da BOSS, e vi que pedaleira não é a minha. Porque, por mais que você fuce tudo, um dia ela vai te limitar. E eu sou muito psicótico com isso de limites. Pedais sim são a minha. Numa conta rápida aqui, tive uns 14 pedais até hoje, desde que larguei as pedaleiras em 2007, sempre comprando, vendendo, substituindo um pelo outro.



Sobre áudio, eu acho pedais analógicos mais quentes, mais confortáveis, com timbres mais agradáveis, mais bonitos, peculiares, isso tudo fora o fetiche todo em torno da coisa.


Vixe, que ainda tem muita coisa pra se falar sobre!


Rapidinhas:
1 - Pedaleiras também têm suas especificidades: funcionam muito bem de acordo com seus pontos fortes. As Line6 são muito boas para simulação de amps e distorções, mas pra modulações são fracas; as Boss são muito boas em delays e algumas modulações; os novos modelos da Zoom parecem ser bastante competentes, mas ainda estão muito caros; os Digitech não prestam pra nada; os Voxlab valvulados são bastante bons, mas quase não os vejo pra vender por aí.


2 - Comprar pedais é uma arte. Prometo dedicar um post específico sobre isso no futuro, tratando sobre pedais de boutique e bons handmade por aí.

terça-feira, setembro 22, 2009

Da série "É o quê?"

Sonhar que a gente come a mulher de um ex-amigo e recém desafeto não declarado, é o quê?

sexta-feira, setembro 18, 2009

Pra onde, neste sábado?

Stereovitrola (AP) lança 2º CD neste sábado, 19 no Café com Arte.







Dando seqüência à série de eventos e shows fantásticos que têm acontecido nas noites de Belém, o Coletivo Megafônica traz à capital paraense uma das bandas mais importantes do norte: o Stereovitrola, direto do Amapá.







Aclamado pela crítica especializada, o sexteto macapaense escolheu Belém para lançar seu segundo CD, No espaço líquido, que contém algumas canções já consagradas pelo público, como “Bicicleta” e “Que dissolve”, hit instantâneo que, apesar da melodia pop de altíssima qualidade, nada tem de boba ou inocente, carregando em si referências diretas de grandes bandas como Black Box Recorder, Câmera Obscura, Metric, Lé Tigre, entre outras pérolas indies. Alie-se a isto, arranjos de samples e efeitos eletrônicos, que são característicos da banda, além de uma letra leve, mas bastante bem feita.





Nas palavras de Fernando Rosa, editor-chefe da revista eletrônica Senhor F, e uma das vozes mais determinantes e influentes na América Latina sobre cultura independente, "O Stereovitrola faz um som moderno, com composições bem resolvidas e arranjos legais". O produtor gaucho sediado em Brasília ainda põe a banda como um dos destaques da música feita no norte.




Acompanhando esta terceira vinda do Stereovitrola a Belém, a banda Turbo também se apresenta neste sábado, abrindo a noite com suas canções já consagradas, como “Rockeira” e “Eu sou feio, mas ela gosta de mim”. Com um single virtual recém lançado e um videoclipe às vésperas de rolar na programação da MTv, a banda angaria diversos elogios em vários sites, revistas e blogs especializados e é tida como um dos expoentes da produção independente paraense e nacional.





Além das bandas, a festa ainda conta com os DJs Roberto Figueiredo, Marcel Arêde (Se Rasgum), Adriano Leite e Yasmim Medeiros.

Serviço: 
Stereovitrola(AP) lança o CD “No Espaço Líquido” e Turbo
Local: Café com Arte- Travessa Rui Barbosa, 1437
Data: 19/09 (sábado)
Ingressos: 10 R$ e 15 R$ na hora

Bahrbara Andrade – produção executiva (9160.7279/3266.2489)

Contato:
e-mail: megafonica@gmail.com
fotolog: www.fotolog.com/megafonica
Blog: www.megafonica.blogspot.com
Flickr: www.flickr.com/megafonica

Rapidinha com Didi #4

Várias rapidinhas equivalem a 1 demorada? Foi algo que me ocorreu agora.

Mas a verdade é que tenho que mostrar uns vídeos MUITO bons.

Se você for impaciente e não tiver tempo pra perder, não assista este primeiro. Pode pular. É o menos engraçado. Eu ri bastante, mas não vá por mim, eu não valho nada mesmo.

Este segundo SIM você tem que ver. Indicação de Eliezer Andrade.

E este último é ultra curto. Quem não vir, cai o pinto. Também indicação do professor Eliezer, que ensina geografia lá em Salinópoles e pega ondas nos fins de tardes naquelas águas salgadas.


Dá-lhe, Biafra! Quanto custa pra contratar um serviço de sempre acontecer isso com gente chata?

quinta-feira, setembro 17, 2009

Tudo bem, ninguém me perguntou nada dessa vez.

Mas não tenho como deixa de fora este vídeo maravilhoso:

Ivan Vanzar, baterista do Madame Saatan e comediante nas horas vagas:






E aqui o vídeo original:






quarta-feira, setembro 16, 2009

Rapidinha com Didi #2 : Será GTA Belém ?

Quase! Queria muito que já fosse o GTA Belém, mas ainda não é. É o Jogo da Cabanagem. Muita gente também preferia que fosse "jogo da bacanagem", mas não é.




O enredo é dividido em três partes, de acordo com os acontecimentos ocorridos na Revolução da Cabanagem:

1- Etapa: Período pré-revolucionário (1821 a 1823) que abrange as missões conhecer Belém, fundar jornal O Paraense e Batista Campos, ambientado em Belém da época.


2 - Etapa: Explosão do Conflito Armado (outubro de 1834) que abrange as missões do Acará, que é um jogo de estratégia, e um de ação. Ambientado nas fazendas Acará Açú e Vila Nova(nas margens do rio Acará) e o sitio Santa Cruz (no igarapé Itapicuru).


3 - Etapa: Tomada do Poder ( 7 de janeiro de 1835) que abrange a missão da tomada do poder em Belém.
O jogo inicia com a exibição da tela título, mostrada na figura abaixo, de onde o jogador pode escolher se deseja começar a campanha, visualizar os créditos ou o conteúdo extra adicionado ao jogo, como a primeira edição do jornal O Paraense ou as referências utilizadas durante o desenvolvimento.



Na foto ao lado, Eduardo Angelim metendo a porrada na galera.

Rapidinha com Didi #1: Carteiros vampiros.

Carteiros paralisam e ameaçam grevar. Eles pleiteiam por aumento de 4, 7% de reajuste. Além disso, reclamam por mudança no horário de entrega de correspondências, exigindo que esta seja feita apenas pela parte da manhã, alegando que a incidência de raios solares causaria males à saúde, inclusive câncer de pele.
Por que não lutar pela entrega de correspondências à noite, então? 

E procurando pelas tags "greve correios manhã pará tarde câncer belém" no Google, me aparece uma URL do Diario do Pará falando da morte de Patrick Swayze.

E presta essa merda?

Estava ouvindo algumas bandas no Trama Virtual e percebi que o Vinil Laranja estava na página inicial do site, como banda destaque. Conversando com um amigo que está trabalhando pro centro-sul, ele me perguntou: e presta esta merda? 
Depois da pergunta, ele desconectou. Fiquei sem saber se ele perguntava do site do Trama, do disco ou da banda - que você vê nessa foto de Tita Padilha.

Bom, o site eu já adianto que, apesar de ser o maior conteúdo em áudio, texto e vídeo no Brasil sobre o mundo independente, como braço da Trama (Major), asseguro, como consumidor das matérias que leio e das bandas que lá estão cadastradas, que a interface é complicada, lenta e ultrapassada. Como usuário do sistema de cadastro do tramavirtual, digo o mesmo: é uma droga pra fazer uploads das músicas, trocar fotos, acompanhar os downloads feitos, enfim. Precisa mesmo de uma boa reformulação. Mas até que serve à sua finalidade, que é servir de bolsão de material de bandas do país inteiro. Sendo referência neste quesito, inclusive, muito graças ao trabalho iniciado lá pelo Miranda, aquele gordinho gaucho de cabelo branco que hoje trabalha pro Silvio Santos naquele programa super inútil.

A banda Vinil Laranja. Não à toa os caras foram ao maior festival de música independente do MUNDO, o South by Southwest , que rola todo ano no estado do Texas, nos Estados Unidos, reunindo um número absurdo de artistas de todo o planeta. Deve ser incrível estar em uma feira cultural gigantesca em que um sem número de eventos acontecem o tempo todo em cada esquina.
Fora esta experiência, pouco antes de ir para os USA, o quarteto deu um balão por alguns dos pontos estratégicos da cena nacional, como Cuiabá e Macapá, se não me engano, o que coadunou para que na sua volta ao país, a Vinil Laranja fosse recebida como uma das principais bandas do Pará.

Confesso que estava animado e curioso pra saber como seria o show depois da volta deles, até porque o 'ao vivo' sempre foi o forte do Vinil; imagina então depois da experiência de conhecer muitas bandas de fora, tocar pra públicos completamente diferentes, adquirir equipamentos novos e muito interessantes. Pois é. Nem mudou nada. Relutei dentro de mim para crer que sim, mas continua a mesma coisa. Há quem diga que algo mudou: o nariz que ficou um pouco mais empinado. Aí eu já não posso afirmar. Mas tem uma coisa que eu quero dizer: odeio quando eles jogam baquetas ou sapatos ou o que quer que seja no público sem sequer pensar na possibilidade de isso atingir alguém e machucar, seriamente ou não.

Sobre o disco, até queria ser mais generoso. Cheguei a ir alguns dias ver as sessões de gravação e acreditei que seria o disco mais legal já lançado em Belém. Ouvindo aqui, fico na dúvida se sou só eu ou se essa mix não está lá muito empolgante. Queria ouvir mais a bateria, mas ela soa muito sem pegada, com a caixa lá pra dentro. Pode ser só a má qualidade do bps quando se ouve em streaming, direto do site do Trama Virtual, mas falta punch e tem um certo exagero na compressão.

Entretanto, deixando essa parte chata de lado, há que se ressaltar que é um disco de músicas muito boas. Uma mescla, é verdade, de garotos novos de guitarras nas mãos com os homens que um dia eles serão. Falo cheio de certeza de que Andro, vocalista e compositor, é um dos melhores no que faz - e isto além-fronteiras deste estado. É só ouvir Odds can make you ill, que é, sem dúvidas, uma das 5 melhores canções feitas e - esta sim - produzidas aqui no norte.

Também destaco Woman, por mostrar uma faceta não tão óbvia da banda. Gostei bastante.

Mas, se querem saber minha opinião, se você não tem problema nenhum em ouvir música em inglês, vai por mim que vale a pena ouvir

segunda-feira, setembro 14, 2009

E o show, como foi?

Na sexta última, 11 de setembro, o mais novo sexta feira 13 mundial, tive a oportunidade de presenciar o show da Inversa, banda emergente no cenário independente paraense, em um evento da Durango95, produtora que parece ter largado de mão o cover e apostado no autoral, prometendo, inclusive, pelo menos pra mim, na calada da noite, trazer uma banda legal do RS. Espero que não seja segredo. Falei. Também toquei neste evento, com o Aeroplano.

Gostaria de ressaltar aqui que os guris do Durango foram bastante dedicados e gentis. Marcelo, Daniel e Lucas, que foram os que eu conheci e tive oportunidade de trocar algumas palavras, preocupam-se bastante com a feitura do evento. Parabéns pra eles. Torço para que consigam chegar seja lá onde for que querem.

Tocar no Café com Arte é aquela coisa, né. Se você tiver sorte e o público gostar da sua banda, pode ter certeza de que será bem divertido. Confesso que sexta feira lembrou um pouco os tempos de inferninho de lá, em que qualquer som, qualquer um tocando, era um bom motivo pra se divertir. Mesmo que aquele bololô de médios e graves te deixe doido dentro do palco, pra que alguém, depois do show, venha te consolar e diga "po, mas dava pra ouvir tudinho, tava bom o som". Eu sei, pra mim nunca está.

Aproveitei a espera do meu próprio show para ouvir com carinho a Inversa, do Renan, ex-Evil, e do Rodrigo, (ex? Dizem que não acabou, mas nunca mais vi tocar por aí...) Avens.


Competência é o que não falta ao quarteto. Renan é o tipo cara bonito que canta bastante bem, tem uma postura escolástica de palco, parece até que o menino fez curso pra isso. A cozinha da banda é bastante bem feita. Não lembro de ter observado algum arranjo que tenha achado ruim, exagerado ou bobo, sustentando todo o bom andamento da banda, que se palta principalmente nos riffs muito fortes e criativos de Rodrigo. Há quem o considere o melhor guitarrista de Belém. Que bom que voltou a tocar mais frequentemente, então.



Tem uma coisa específica sobre a guitarra que o Rodrigo faz que eu acho bastante peculiar. Os riffs são bem poderosos mesmo, lembrando bastante as melhores coisas que Tom Morello fazia no Rage Against The Machine e algo de Wolfmother, que, inclusive, fez parte do setlist da sexta feira em questão. Muito bem executado por sinal.

Há coisas que melhorarão bastante com o tempo, como essa adequação ao idioma nacional na feitura das letras e talvez tentar usar arranjos mais melodiosos pra voz, valorizando o bom vocalista que eles têm.

Sobre o Aeroplano, sinceramente, eu nem consigo mais saber do que se trata. Vi com nitidez essa mudança de quando a banda não tinha público e hoje tem muita gente que canta músicas que nem eu mesmo sei a letra direito. Confesso que ainda falta muita coisa, e sempre faltará pra nos satisfazer, mas, mesmo que a gente se olhe e saiba que não está como era pra ser dentro do palco e que o tesão de tocar às vezes pareça que vai diminuindo, definitivamente ainda é muito bom eu ter feito as escolhas que me trouxeram até aqui.



Ad Astra et Ultra , já diziam os magistas. Sim, porque teve um tempo que eu tentei ser mago e li alguns livros sobre essas coisas. Haha.



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Fotos de Wagner Meire, do Flikr da Durango95 .

Hermanos, pero no mucho.

Às vésperas de um Argentina X Brasil e do feriadão de 7 de setembro, Eric salva meu dia, antes que eu me desintegrasse de tanto tédio aqui no trabalho, me enviando um SMS no seguinte teor: "por que diabos as pessoas acham tudo parecido com Los Hermanos?".


Não me sinto à vontade pra comentar sobre isto, já que há bastante tempo fui muito fã de LH. E quem não foi? O "Bloco do Eu Sozinho" é um excelente disco, com arranjos impressionantes e letras maravilhosas. Foi a grande obra do quarteto carioca que, em 2001, rendeu o título quase permanente de pai de todos aqueles que se sentiam órfãos de um representante da boa música no mainstream. Boa, popular, melódica, e de coração adolescente, com aquela pitada cult, e o ar debochado de quem sabe que é, ou pelo menos acredita ser, melhor do que todos os outros. Esta arrogância se confirma nos dois discos que se seguiram.


Não sinto medo de errar quando digo que Los Hermanos é a Legião Urbana dos anos 2000. E seu efeito não poderia ser diferente: semente boa em terra boa dá frutos. Muitos "É o Tcham" surgiram, assim como muitos "Calypso" também. Com o LH não seria diferente, assim como não o foi com várias bandas da década de 80.


Confesso que não suporto bandas que se espelham tanto em outra, de um jeito que fique tão evidente que chegue ao ponto de não se poder dizer que não, e se sentir normal com isso. Mas também me irrita muito quando as pessoas simplesmente resumem a sonoridade de algum artista à cópia de outro.


Por exemplo, Moptop é parecido com LH? Eu não acho. Nem nas coisas ruins, nem nas coisas boas. Móveis Coloniais de Acaju é parecido com LH? Eu não acho nem um pouco. É só ver o show do Móveis. É intenso e tem uma relação de igualdade e interação entre o público e o artista. É assim que se faz a arte: mensagem enviada e mensagem recebida. Se tem algo que me irrita no Los Hermanos é esta necessidade de falar sem ter a necessidade de ouvir. Acho injusto, errado e cruel.


Mais cruel ainda é a preguiça do público e a soberba da crítica, que não conhece nada de música, ao atirar no escuro e querer acertar sempre ao dizer que tudo é cópia de Los Hermanos. 




Terrivelmente as pessoas apontam para a direção que mais conhecem. Sempre que ouvem algo, dizem se parecer com aquilo que lhe está mais próximo. O que me entristece, e aqui entrego os pontos, é que realmente muitas bandas novas lançam mão da falta de vontade e da falta de senso do ridículo a ponto de realmente quererem apostar suas fichas num visual falido e num som que já teve seu tempo.


Digo isso pensando em companheiros meus, que, quando flertavam com a black music, me pareciam incríveis. Mas depois constatei que o que eles queriam mesmo era um samba rock duro que dói, que estava fazendo sucesso. É o defunto carregando o caixão. Mas ainda torço por eles, sei lá por quê.

quinta-feira, setembro 03, 2009

O motivo de eu não querer falar com você.

Estava tentando espremer algo e escrever a conta gotas aqui, mas esse tipo de coisa nunca dá certo. Acho que só funciona com bons escritores. Os de verdade.

Eis que, então, como uma voadora uma pessoa me vem no MSN no meio da tarde e pergunta "ei, por que não queres falar comigo?". É um belo jeito de se descobrir por que alguém não quer falar com você, né? Perguntando. E, na verdade, eu não tinha nada que obstasse a conversa com esta pessoa especificamente, mas me veio à mente uma lista de pessoas com quem eu não quero falar e seus respectivos motivos.

Entre os desafetos que agente acaba colecionando na vida, a maioria dos meus já foi próxima de mim. É até engraçado que seja um percentual grande. Uma lista quase tão comprida quanto a de amigas de ex-namoradas que se tornaram atuais. Digo, não que eu tenha muitas atualmente, mas atuais de acordo com as respectivas épocas. Certo?

Ultimamente tenho reparado que não me sinto muito à vontade perto dos amigos. Mesmo que eles sejam as pessoas mais parecidas comigo no mundo todo - ou pelo menos neste mundinho que é esta cidade - confesso, não me sinto tão parte assim do todo.

Não vejo isso como algo ruim, até porque tem tempo que larguei "bom X ruim" de mão, mas a verdade é que tem me atrapalhado um pouco. Como posso me divertir com as pessoas que sempre me acompanham, se não dá pra compartilhar piadas, ou comentários, ou, não sei, as mesmas bobagens mais?

Quando isso acontece em um namoro, só há duas saídas:

1)Terminar. E todos seguem suas vidas, com um gosto horroroso na boca por algumas semanas, muito mais relacionado a uma coisa que as pessoas acham que devem fazer, como elas acham que devem se comportar, e, principalmente, por se sentirem na obrigação de cultivar um luto sem sentido, ou, pior, não se sentir mal e se sentir mal por não se sentir mal. Se você não entendeu de primeira, nem volte pra ler, porque eu nem voltei pra corrigir. Era pra ficar confuso mesmo. Porque essa droga de fim de namoro é sempre assim, uma merda, pra quem leva o pé na bunda e muito mais pra quem termina, porque tem que se vestir de macho e tomar uma decisão que todo mundo já sabe qual é.

2)A garota engravida, o relacionamento está uma droga, ela gosta de outro, ele não tá nem aí, eles, na dúvida, abortam, e ficam naquela de "estou tão fudido que não posso ficar só" e aí resolvem casar. Ou seja, acertam entre si que estarão juntos até o fim da vida, mesmo tendo a certeza de um destino miserável. Deus que me livre.

Ultimamente anda ventilando na minha mente a sensação de que estou em uma frequência um pouco diferente da dos meus amigos. Enquanto eles preferem barulho, eu ando querendo tranquilidade; sempre que querem conceito, eu prefiro nem ser; quando falam romanticamente de mulheres, eu me sinto tão mais sujo que até evito dar opinião.

Não sei, as coisas não são mágicas assim, como parecem. São bem reais, têm textura, cheiro, sabor, é só pegar, cheirar, lamber. É assim que se faz, não é? Eras, não aguento mais ouvir suspiros por mulheres. E to pegando corda com gente bonita.

Deve ser porque eu estou muito velho ou porque sou muito feio, mas definitivamente não tenho mais paciência pra romances. Principalmente esses de novela global, que as pessoas tanto adoram trazer pras suas vidas.

terça-feira, setembro 01, 2009

Da série "Ninguém te perguntou": Johny Rockstar no player.

Não sei se é só a posição ruim em que estou, o teclado pequeno do notebook que economiza em poucas teclas mil combinações para alguns caracteres, esta cadeira muito baixa, o calor senegalês desta capital do Pará ou se é a amizade que tenho alimentado nas última semanas pelo vocalista, que conheço de longuíssima data, da banda-título deste texto, mas a verdade é que me sinto um pouco desconfortável ao falar do que vim falar quando sentei aqui na frente do computador.
Pera que vou trocar de cadeira.
Alguém disse muitas vezes, e é incrível que eu não lembre agora quem foi, que o rock em belém ia melhorar muito quando as pessoas que escrevem sobre a cena deixassem de ser interseção nos conjuntos "jornalistas" e "músicos". Eu não sei se isso é lá verdade. Acho até que é irrelevante. De qualquer modo, me arrisco: o single do Johny Rockstar é muito bom!
Há muito tempo, o Eletrola fez algo que nunca se havia feito em terras tão quentes e sem-lei como as deste estado: lançou um single. Eu estava lá. Tocaram Futurama (ex-Indústria Vital e que, sinceramente, nem vital, nem futuro nenhum nunca teve) e Stereoscope (ainda pequeno, mas já muito bom). O ano era 2003 e o local era a Estação Gasômetro. Lembro que dei em cima de uma garota na parada de ônibus depois dos shows e desde então venho levando foras sistemáticos dela. Mas tudo bem, viramos grandes amigos.

Daí que tanto Turbo quanto nossa banda-título de hoje, ambas desdobramentos do destino da antiga Eletrola, ousaram, mais uma vez e lançaram mão de singles novamente. E melhor: ambos pelo SenhorF Virtual, sem deixar de lado o formato convencional- no caso do JRS. Imagina se as fãs loucas iam se contentar em ter apenas mp3 da sua banda favorita.
Loucas. Mas quem não queria fãs assim?
Monoral abre e dá nome ao single, não restando dúvidas de que se trata de uma banda de rock. Não só rock, mas Rockstar no sentido mais estrito do termo em inglês. Guitarras altas pra caramba e bem no meio da cara, apresentadas por um hammer bem feito, de quem pluga a guitarra avisando logo que vem porrada seca nas orelhas, com um reverse delay bandido no fundo, lá longe, só nas respostas, sem falar que a faixa inteira é uma aula de música pop, desde a melodia vocal completamente grudenta até os riffs. Haja produção nos backings, delays, dobro das vozes. Inclusive, tenho que dizer, Eliezer melhorou muito como vocalista. Na verdade, a maior parte das características encontradas em Monoral são vistas nas demais faixas.
Eu aposto os 2 reais que o Gugu deixou aqui em Belém que ninguém consegue ouvir Alcalina até o fim e depois ficar sem sequer murmurar "Alcalinaaa, Alcalinaaa...", mesmo sem saber o que isso significa. O que é o meu caso. Hit instantâneo, queira o ouvinte ou não queira. Até eu, comedido que sou, me seguro pra não cantar junto quando chega a parte do "pensando que agora ela pode ser...". Né? Sei lá, até fiquei com vontade de conhecer essa menina.

Fechando esta prévia do disco cheio dos irmãos Andrade, Ivan Vanzar e Elder Effe ( os dois últimos fazem parte de dois dos maiores baluartes da música paraense, Madame Saatan e Ataque Fantasma respectivamente) temos Mortos Vivos, com Nata Ken Masters cantando. A canção é aquela coisa de guitarhero, né. Como disse meu amigo João Sincera, dá até pra entrar no jogo. Vou mandar um email pra empresa com a sugestão.

No geral, é pra quem gosta de rock. Mas também é pra que não gosta de música. Passa, entendeu? Atravessa a linha que separa música para músicos e música para pessoas normais, das que ouvem rádio ou qualquer coisa que esteja tocando. Normais. Haha. Só tem algumas coisas na mix que eu discordo, mas é frescura minha, tenho certeza.

Exatamente agora, os meninos estão em Porto Velho, RO, para participar do Festival Casarão. Que sejam nestas noites lá, então, como eles têm sido nos últimos anos aqui, uma banda grande. Afinal, ser um rockstar é só para os maiores e eles definitivamente os são.