segunda-feira, setembro 14, 2009

Hermanos, pero no mucho.

Às vésperas de um Argentina X Brasil e do feriadão de 7 de setembro, Eric salva meu dia, antes que eu me desintegrasse de tanto tédio aqui no trabalho, me enviando um SMS no seguinte teor: "por que diabos as pessoas acham tudo parecido com Los Hermanos?".


Não me sinto à vontade pra comentar sobre isto, já que há bastante tempo fui muito fã de LH. E quem não foi? O "Bloco do Eu Sozinho" é um excelente disco, com arranjos impressionantes e letras maravilhosas. Foi a grande obra do quarteto carioca que, em 2001, rendeu o título quase permanente de pai de todos aqueles que se sentiam órfãos de um representante da boa música no mainstream. Boa, popular, melódica, e de coração adolescente, com aquela pitada cult, e o ar debochado de quem sabe que é, ou pelo menos acredita ser, melhor do que todos os outros. Esta arrogância se confirma nos dois discos que se seguiram.


Não sinto medo de errar quando digo que Los Hermanos é a Legião Urbana dos anos 2000. E seu efeito não poderia ser diferente: semente boa em terra boa dá frutos. Muitos "É o Tcham" surgiram, assim como muitos "Calypso" também. Com o LH não seria diferente, assim como não o foi com várias bandas da década de 80.


Confesso que não suporto bandas que se espelham tanto em outra, de um jeito que fique tão evidente que chegue ao ponto de não se poder dizer que não, e se sentir normal com isso. Mas também me irrita muito quando as pessoas simplesmente resumem a sonoridade de algum artista à cópia de outro.


Por exemplo, Moptop é parecido com LH? Eu não acho. Nem nas coisas ruins, nem nas coisas boas. Móveis Coloniais de Acaju é parecido com LH? Eu não acho nem um pouco. É só ver o show do Móveis. É intenso e tem uma relação de igualdade e interação entre o público e o artista. É assim que se faz a arte: mensagem enviada e mensagem recebida. Se tem algo que me irrita no Los Hermanos é esta necessidade de falar sem ter a necessidade de ouvir. Acho injusto, errado e cruel.


Mais cruel ainda é a preguiça do público e a soberba da crítica, que não conhece nada de música, ao atirar no escuro e querer acertar sempre ao dizer que tudo é cópia de Los Hermanos. 




Terrivelmente as pessoas apontam para a direção que mais conhecem. Sempre que ouvem algo, dizem se parecer com aquilo que lhe está mais próximo. O que me entristece, e aqui entrego os pontos, é que realmente muitas bandas novas lançam mão da falta de vontade e da falta de senso do ridículo a ponto de realmente quererem apostar suas fichas num visual falido e num som que já teve seu tempo.


Digo isso pensando em companheiros meus, que, quando flertavam com a black music, me pareciam incríveis. Mas depois constatei que o que eles queriam mesmo era um samba rock duro que dói, que estava fazendo sucesso. É o defunto carregando o caixão. Mas ainda torço por eles, sei lá por quê.

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