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quarta-feira, março 10, 2010

AEROPLANO + Sincera + Johny Rockstar neste sábado 13, no CAVERNA CLUBE.







Com um EP bem sucedido, um CD muito mal gravado mas que rendeu ótimos frutos, várias participações em grandes festivais dentro e fora do Pará e às vésperas de lançar um dos discos mais bem produzidos e legais de se ouvir da história do Rock paraense, gravado no RockLab, em Goiânia, pelo famoso Gustavo Vazquez (mesmo produtor dos premiados discos de Macaco Bong e de Black Drawing Chalks), o Aeroplano, mesmo não sendo muito feliz na escolha de seu nome, hoje é uma das bandas mais produtivas e significativas do estado.





Com canções que têm uma melodia vocal pop característica e arranjos que fazem questão de ser esquisitos, o Aeroplano se lança, a partir deste disco, no mundo lo-fi, cuidando esforçadamente na construção de timbres. "É um desafio fazer música de fácil acesso, mas que dê orgulho de se ouvir depois", assegura Bruno Almeida, baixista. Eric Alvarenga, vocal e guitarra completa, na contramão, dizendo que "por termos uma característica tão singular e, sabendo que não somos uma banda com natureza típica das que agita nos shows, como Johny Rockstar, Turbo, essas grandes bandas, fazemos nosso melhor, do nosso jeito mais sincero".

É mesmo?

AEROPLANO também toca no COISA POP neste sábado, 13, no CAVERNA CLUBE, ao lado de SINCERA e JOHNYROCKSTAR.

segunda-feira, setembro 28, 2009

Um tributo delinqüente: 19 anos Balanço do Rock


Dezenove anos atrás surgia o programa de rádio mais importante para a história do rock no norte do país. Deste país, digo. Em 1990, o Balanço do Rock foi concebido para ser uma série de 12 programas especiais sobre as décadas 50, 60, 70 e 80. Acabou que o programa seguiu e extrapolou o projeto inicial, perdurando desde então até hoje.


Tudo o que é rock - e também muito do que não é necessariamente - passou pelas mãos do há muito tempo apresentador Beto Fares, figura emblemática e em quem repousa, tenho certeza, a confiança e o respeito de todos os atores desta cena roqueira. Produtor de mão cheia e profundo conhecedor de música, e não só de rock, Beto, ao lado da doce produtora Regina "Regi" Silva, dos mais antigos que sempre aparecem nas tardes de sábado na FM da Rádio Cultura, como Teco Trovão e Felipão "Pedro&Bino" Gillet, ou dos mais novos que sempre mantém o sangue novo correndo nas veias do programa, como Camillo Royale e Raquel Serruya, programa o espelho que reflete a real imagem do rock paraense.


E para comemorar o aniversário, às vésperas de completar duas décadas, a produção do BdoR organiza um tributo à banda Delinqüentes, dividindo os seus maiores clássicos entre 10 bandas de estilos diversos.


Sábado, 26 de setembro, foi o dia da audição das versões de cada banda. Imagina: 10 bandas reunidas em um estúdio de rádio, ouvindo juntos e comentando sobre o resultado, tudo ao vivo, no ar. Só podia ser no BdoR. Uma festa muito bonita, sem bolo, reclamamos, mas tudo bem.


Tirando um ou outro chilique, o programa comemorativo de 19 anos do BdoR foi muito divertido. Impressionante mesmo foi o fato de que todas as bandas puseram à prova o excesso de talento que há dentro de si, já que no pouquíssimo tempo de 4 horas de estúdio, realizaram grandes releituras de clássicos do hardcore (diria nacional, sem dúvidas), em versões impensáveis, como na suave e doce voz de Ana Clara cantando Utopia Milenar, transformando os bardos de Jayme Katarro em poesia. Digo, evidenciando a poesia que já há no Delinquentes, acompanhada por uma onda mpbista quase sensual, de tão preguiçosa, não num sentido ruim, mas de um jeito quase de se espreguiçar, numa rede, num ventinho. Gostei mesmo dos delays, efeitos e do midi de guitarra criados por Ulysses Moreira, técnico responsável pela mix e pelas gravações de todas as faixas.


Além desta versão, a do Pro.efx & Bruno B.O., com Delinquente, num eletro-hip hop muito doido, e do Massa Grossa (Pio Lobato, Iva Rothe e cia.) me chamaram muito atenção. Não à toa sou super fã do Pio. O modo como o Massa Grossa deixa L'uomo Delinquente tensa, tão tensa, numa mistura de guitarrada com "carimbó doom" é impressionante. É uma elegância quase arrogante nos arranjos, de quem tem a certeza em fazer a melhor versão do disco todo. Pelo menos é a que me tomou de assalto e, no susto, me deixou besta. Eu gasto muito tempo e algum dinheiro tentando achar timbres muito bons pras minhas guitarras, enquanto Pio Lobato só pluga a dele em linha, direto na mesa, e faz como mágica. Incrível.

Outra que merece ser comentada é a versão do Suzana Flag, com Planeta dos Macacos. Joel é, sem dúvidas, o senhor dos arranjos pop de todo o norte do hemisfério sul, e digo isso sem medo de errar. Impressiona a qualidade da produção dos vocais, da melodia e harmonia na releitura do SF, transformando um mega hit HC muito do seu porrada em uma manhã ensolarada de domingo na Praça da República, com família e sorvete lambregado na ponta do nariz. Na parte em que Suzane canta na sua eterna voz de menina "Camburões sufocantes, celas gélidas /Tortura de inocentes por gambés incompetentes" ,eu quase grito " me prende, me prende". Muito foda.

Turbo, tocando O Viciado, mostrou um elaboradíssimo arranjo, com violões, várias camadas de guitarra, um baixo retão, muito másculo, dos antigões anos 70 da Giannini, e um coro gritando no refrão "Não acredito, em portas abertas com mãos amarradas /Não acredito, em braços furados com mãos doloridas /Não acredito, em doces viagens de lombra errada"Pareciam mil pessoas, mas nem eram. Do mesmo modo que a versão do Sincera soava de maneira jazzista, com um trompete muito do seu malandro, cabendo certinho no tema de Vaga Mundo, marcado pelo vocal ora manso, ora gritado de seu vocalista performático, Daniel. Sob a batuta de João, que participou em diversas outras faixas como batera, guitarra, violão, vocal, o Sincera fez uma das versões mais elogiadas, pela ousadia dos jovens garotos que parecem pipoca em panela quente nestes últimos meses.

Por fim, tive a oportunidade de participar com o Aeroplano da canção Um belo dia pra morrer. Eric, o líder da banda, alto e que todas as meninas querem, desfez a versão original, ultra agressiva e destruidora, reconstruindo-a em acordes abertos e com uma harmonia vocal mais melodiosa, abusando de guitarras single coil, que para uns remete logo a Sonic Youth, enquanto que para outros é mais Radiohead. Nicolau, figura folclórica e de destaque político neste meio independente amazônida, preferiu dizer que esta versão lembrava muito uma banda dos anos 80, cujo nome não me recordo. Ele frisou que era um elogio. Jayme sentiu medo da releitura, mas eu juro que a principal mensagem que a música trouxe a mim foi " hoje está um belo dia pra morrer", significando que poderia acontecer qualquer coisa, que estaria tudo bem.

De tudo, acho que há uma característica comum em todas as versões feitas pelas 10 bandas que participaram do tributo ao Deliquentes, comemorando os 19 anos do Balanço do Rock: a força das letras desta banda. Ignorante e analfabeto cultural que sou, nunca reparei muito nas letras de bandas de HC. Confesso que não é a minha praia, e muito provavelmente nunca será. Fiquei impressionado com o alto grau de expressividade e a escolha certeira das palavras na hora de transformar o discurso social e a revolta em canção. Pra quem não teve a oportunidade de ler algumas das letras, aí vai o link: http://letras.terra.com.br/delinquentes/

Segue a lista das músicas e seus respectivos re-criadores:


1. Suzana Flag - Planeta dos Macacos
2. Pro.efX - Delinquentes
3. DHD - Gueto
4. Turbo - O Viciado
5. Sincera - Vaga Mundo
6. Massa Grossa - L'uomo Delinquentes
7. Aeroplano - Um Belo Dia pra Morrer
8. Coisa de Ninguém - Cicatrizes de Guerra
9. ION - Fábrica
10. Ana Clara - Utopia Milenar



Em breve, disponibilizo o áudio de todas, assim que a permissão me for dada. Parabéns Beto Fares, parabéns Delinquentes, parabéns bandas que fizeram a parada, e parabéns ao Balanço do Rock. E vida longa ao maior programa de rock do estado.


segunda-feira, setembro 14, 2009

E o show, como foi?

Na sexta última, 11 de setembro, o mais novo sexta feira 13 mundial, tive a oportunidade de presenciar o show da Inversa, banda emergente no cenário independente paraense, em um evento da Durango95, produtora que parece ter largado de mão o cover e apostado no autoral, prometendo, inclusive, pelo menos pra mim, na calada da noite, trazer uma banda legal do RS. Espero que não seja segredo. Falei. Também toquei neste evento, com o Aeroplano.

Gostaria de ressaltar aqui que os guris do Durango foram bastante dedicados e gentis. Marcelo, Daniel e Lucas, que foram os que eu conheci e tive oportunidade de trocar algumas palavras, preocupam-se bastante com a feitura do evento. Parabéns pra eles. Torço para que consigam chegar seja lá onde for que querem.

Tocar no Café com Arte é aquela coisa, né. Se você tiver sorte e o público gostar da sua banda, pode ter certeza de que será bem divertido. Confesso que sexta feira lembrou um pouco os tempos de inferninho de lá, em que qualquer som, qualquer um tocando, era um bom motivo pra se divertir. Mesmo que aquele bololô de médios e graves te deixe doido dentro do palco, pra que alguém, depois do show, venha te consolar e diga "po, mas dava pra ouvir tudinho, tava bom o som". Eu sei, pra mim nunca está.

Aproveitei a espera do meu próprio show para ouvir com carinho a Inversa, do Renan, ex-Evil, e do Rodrigo, (ex? Dizem que não acabou, mas nunca mais vi tocar por aí...) Avens.


Competência é o que não falta ao quarteto. Renan é o tipo cara bonito que canta bastante bem, tem uma postura escolástica de palco, parece até que o menino fez curso pra isso. A cozinha da banda é bastante bem feita. Não lembro de ter observado algum arranjo que tenha achado ruim, exagerado ou bobo, sustentando todo o bom andamento da banda, que se palta principalmente nos riffs muito fortes e criativos de Rodrigo. Há quem o considere o melhor guitarrista de Belém. Que bom que voltou a tocar mais frequentemente, então.



Tem uma coisa específica sobre a guitarra que o Rodrigo faz que eu acho bastante peculiar. Os riffs são bem poderosos mesmo, lembrando bastante as melhores coisas que Tom Morello fazia no Rage Against The Machine e algo de Wolfmother, que, inclusive, fez parte do setlist da sexta feira em questão. Muito bem executado por sinal.

Há coisas que melhorarão bastante com o tempo, como essa adequação ao idioma nacional na feitura das letras e talvez tentar usar arranjos mais melodiosos pra voz, valorizando o bom vocalista que eles têm.

Sobre o Aeroplano, sinceramente, eu nem consigo mais saber do que se trata. Vi com nitidez essa mudança de quando a banda não tinha público e hoje tem muita gente que canta músicas que nem eu mesmo sei a letra direito. Confesso que ainda falta muita coisa, e sempre faltará pra nos satisfazer, mas, mesmo que a gente se olhe e saiba que não está como era pra ser dentro do palco e que o tesão de tocar às vezes pareça que vai diminuindo, definitivamente ainda é muito bom eu ter feito as escolhas que me trouxeram até aqui.



Ad Astra et Ultra , já diziam os magistas. Sim, porque teve um tempo que eu tentei ser mago e li alguns livros sobre essas coisas. Haha.



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Fotos de Wagner Meire, do Flikr da Durango95 .