domingo, setembro 27, 2009

Didi pergunta: Entrevista com Aneurysma, de Tucuruí-PA.

Dá pra sentir o cheiro de Seattle - mesmo pra quem nunca esteve lá, como eu - nas músicas deste trio originário de Tucuruí, sul do Pará. Estava ouvindo aqui o bastante bem feito myspace deles e tentando descrever da melhor forma como a inocência destes meninos é carismática e cativante. Se há algo que emociona a nós - pelo menos aos meus amigos e a mim - da capital do estado, é a força de vontade e a raça destes três guris que já rodaram boa parte do Pará, arranjando shows em vários lugares ermos, remotos e completamente fora do centro de produção e de consumo de música e cultura pop independente.



Estilão calça rasgada, cabelo seboso, guitarras adesivadas, chorus pra baladas, drive e strato comandando nos riffs muito do seu kurt Cobain, o Aneurysma cumpre à regra o protocolo grunge, incluindo destruição no palco e noise à beça. Bati um papo com o Neto, o batera gente boa, que conta pra gente como faz pra ser tão virado e tocar tanto, mesmo vindo de um lugar tão distante do centro político-econômico da região norte.

PPD: O Aneurysma é a banda mais relevante do sul do pará que se tem notícia. Que outras, em outras cidades, fora de Tucuruí , que vcs conheceram?

Neto:  Ah, muito obrigado pelo reconhecimento. Então, a gente já rodou algumas cidades do Pará. Na verdade, foram 6 cidades. Existem muitas bandas e grandes pessoas querendo mostrar seu trabalho, como organizações e produtoras, mas essas "cenas" ainda estão aprendendo a fazer musical autoral e trabalhar em cima disso. Destacamos bastante a cidade de Marabá, que tem um cenário fortissimo e bandas autorais e
a banda Teatro de Quimera, que é muito legal. Em Capanema, que foi um show bem massa, tem a galera da Tarja Preta que tá fazendo um som autoral muito massa e em breve estarão lançando um EP, mas a galera ainda está colocando na cabeça que musica autoral é fundamental para se começar uma carreira. Desculpa falo demais. (risos).


PPD: Como foi enviar a mensagem do trabalho de vcs e ver ela chegar até a capital?

Neto:  Égua, foi muito trabalhoso. Nada foi fácil pra gente. Já começou ruim, porque é rock e aqui em Tucuruí, fica muito complicado de se trabalhar e divulgar, por falta de espaços e tal, mas agente usou a Internet pra se influenciar e vimos que hoje em dia existe uma cena. Era uma coisa que poderia dar certo, aí agente começou a fazer contatos em diversos locais. Em Belém conseguimos o contato do Sandro-K, que foi nosso principal incentivador. Nos abriu espaço pra tocar em Belém com um show massa de bandas de fora e um local massa que é o Afrikan Bar. Ele confiou na gente e apostou sem mesmo conhecer o som. Ainda bem, né, porque deu certo. A partir daí, fizemos vários contatos e amizades em Belém.


PPD: Deixa ver... me fala mais de vocês, da banda.

Neto:  Na verdade, a banda foi montada acidentalmente, porque eu tinha uma banda chamada Titanium e estavámos sem vocalista. Daí, então, me apresentaram o Márcio que é o nosso guitarra e voz. Ele era pra ser o vocal, mas acabou que foi uma coisa acima do normal. O Márcio ouvia e gostava de tudo que eu gostava, e eu tava cheio de banda de pop. Daí montamos um cover do nirvana. O baixista, Marcelo, é irnão do Márcio. De Outubro de 2006, até metade de 2007 ficamos tocando nirvana e outras bandas que nos influenciam até hoje. No 2° semestre de 2007 começamos a fazer musicas e tocar em algumas cidades do Pará. Em 2008 agente se virou como "ninjas" e gravamos nosso EP "Do Fundo de Nossas Cabeças", e lançamos no final de 2008 pelo selo "Ná music", outra  grande vitória nossa. uhuuu!



PPD: Que shows já fizeram aqui em Belém? E participaram de festivais em outras cidades, com bandas de renome?

Neto:  Apesar de pouco tempo, a gente deu uma rodada por algumas cidades. Tocamos em Altamira-Galpão do Rock, Cametá, Capanema-III Arte Indepedente, Marabá-Festival Conectados, Breu Branco, tocamos em Belém com as bandas Atrigget to Forget e My Fair Lady - ambas de Fortaleza, fizemos o Balanço do Rock, e também o Grito Rock Macapá/Santana, Almeirim no Skol Rock Festival e Dom Pedro no Maranhão, onde fizemos nossa 2ª cidade fora do Pará. Essas foram as principais.



PPD: O que o Aneurysma quer?

Neto: Cara, tanta coisa... mas agente pretende tocar no maior numero de cidades e para públicos grandes também. Queremos mostrar nosso trabalho e gravar um CD completo, além de participar dos Festivais Indepedentes, que é o nosso sonho, começando pelo Se Rasgum. É tão legal você ver que a música independente está crescendo cada vez mais. Não queremos nunca parar e nem desistir de conquistar esses objetivos como pessoas e como banda.


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