Às vésperas do tão esperado Festival Se Rasgum 2009 - no qual não tocávamos desde 2006 e agora participaremos como convidados - não que isso signifique algo, sei lá, superior, mas ficamos muito agrecidos com o convite na época - e da viagem para a gravação do disco - que costumo chamar de novo, mas vai ser o "valendo a mãe", como se deve dizer - o Aeroplano se debate em reuniões e ensaios que às vezes parecem muito mais cansativos do que produtivos. Somos 4 caras legais, mas somos também uma banda chatinha pra resolver algumas coisas. Até que melhoramos nisso. Ou, de repente, todo mundo é assim. Não sei. Prefiro assim.
Chega a ser engraçado isso de ter banda. Quando começamos - e aqui tem uma foto de quando a gente nem era banda ainda, só amigos - não tínhamos idéia do nível de articulação que se precisa ter em um determinado momento da história. Acho que ninguém tem. Cinco anos depois, eu realmente penso que me sinto mais à vontade procurando timbragens interessantes no meu amplificador do que somando 2 mais 2 pra saber se consigo um resultado 5 e botar a gente em tal festival. Ou em tal horário. Ou abrir praquela banda. Ou chegar naquele produtor, jornalista, dono de selo, enfim. Não, nem vou me arriscar a dizer o que desgosto em muitas escolhas e posturas que rolam pelo país, muito menos aqui nessa ilha, que é esta capital. De repente a fumaça preta de LOST vem me pegar aqui em casa...
Não tem 10 minutos, estávamos discutindo no MSN, numa reunião em que as idéias parece que entopem e a gente fica se olhando sem ter muita certeza do que decidir. Não tinha feito este raciocínio ainda, mas, se decidir set list de show é uma complicação miserável e que gera até um cheiro de desentendimento, imagina (e eu deveria ter imaginado) o quão é difícil escolher músicas que vão entrar no disco. Faltam 6 semanas para entrarmos em estúdio e estávamos reconsiderando algumas situações já definidas. É perigoso! Esse papo de "é perigoso!" tá virando piada interna (odeio essa expressão), e tenho usado muito nos últimos posts. Prometo parar.
Como disse lá em cima, timbrar e misturar efeitos é algo natural do artista que eu gostaria de ser. Mas sentar e pensar que canção se encaixa de um jeito mais interessante no disco, mesmo que ela não seja melhor do que alguma que fique de fora, é estranho. Parece não ser lá muito lógico, mas é como compor a pintura de um quadro e preferir a cor A, mesmo que ela não seja mais bonita do que a B, mas só por ela realizar uma função que vá interagir com o resto da pintura, de um jeito que realce as demais cores. É uma droga de busca pelo equilíbrio na obra como um todo. Tipo nesses cavalos bonitos e musculosos de corrida, quando lhe cortam o saco. Eles ganham mais massa muscular. Estamos cortando o saco do nosso disco, parece-me.
Vou falar um pouco sobre as canções que vem no disco novo e colar referências de links delas em vídeos ao vivo. São 20 pras 2 e estou sem sono mesmo.
1 - Nem sei se nada sei. Foi a primeira canção dessa nova leva que o Eric trouxe pros ensaios. Acho que ela inaugurou um novo jeito de fazermos as músicas e coincidiu com um momento de reformulação da própria banda, tanto na nossa visão da banda em si, quanto na nossa relação da banda com público e produtores/festas/essas porras. A gente parou de ficar atrás do povo, eu parei de cantar, e nos voltamos pra um lado mais intimista nas composições e nos shows. Ficou tudo bem melhor.
2 - Compulsiva. Música não tão nova, por isso mais fechada. Bem simples, poucos acordes, poucas partes, tem uma ponte muito interessante com uma linha de bateria super legal. Drives high gain e fuzzes comandam as guitarras, numa melodia que não surpreende, mas é boa de se cantar junto no show, acho.
3 - Fingindo. Confesso que torci o nariz muitas vezes pra esta música até conseguir terminar os arranjos da minha guitarra nela. Sentia que era uma canção extremamente pop, mas ainda muito no esquema Caldeirão do Huck. Deus me livre tocar uma música assim. Acho que depois de um tempo ela amadureceu de diversas maneiras e hoje pode até ser um carro com um chassi pop rock, mas juro que, pra mim, o combustível é um country rock disfarçadão.
4 - Pra você, solidão. Das velhas. Hit deprê regional, powered by um solo de slide que pra gente nem nunca pareceu nada de mais, acho, mas foi o que sustentou (moralmente?) a banda até hoje. Não tem como ficar de fora do CD, segundo os meninos.
5 - WWW. Nasceu stonner, e não faço idéia de como vai terminar. Por mim, deixava a eletrônica e efeitos rolarem soltos, mas sou megalomaníaco, então não conta muito minha opinião. Bom que eu mesmo me limo.
6 - Preocupações. Essa música é boa. Um brilho de sol no meio de toda as nuvens pretas do resto do disco. Acho primorosa sua melodia vocal e o arranjo minimalista da bateria. Consegui encontrar guitarras bastante interessantes de se trabalhar, usando o pickup do braço da minha Tele e o melhor que pude tirar do meu velho memory man. Ô pedal de timbres bons! Pena que esse vídeo seja velho e muita coisa nela esteja diferente.
7 - Estou bem, mesmo sem você. Tive bastante sorte nos arranjos pra esta música. Não dá pra negar a influência das coisas que sempre ouço, seja nos timbres, seja no modo em que monto os acordes. É uma anti-balada, que talvez passe despercebida no meio das outras canções do disco, mas que tem um baita valor. Pelo menos pra mim. Gosto da letra também e do jeito que ela se desenvolve.
8 - Voyage. É uma canção que exige bastante de nós, que não somos músicos. Uns miseráveis criados na frente da TV, sem suingue nenhum. Acho essa música sensual, de algum modo. Ou talvez seja só eu, tarado. Não tem vídeo dela por aí.
9 - Vermelho que é rosa. Uma das canções que o Eric compõe, acho, mais pensando sobre o que gostaria de ser do que o que realmente é como músico. Mas esta deu certo, aos poucos, apesar de ainda não estar completamente fechada. Bruno Rabelo, ex-Cravo, gostou muito. Talvez seja um desafio pra nossa mania de superproduzir algumas coisas, que começo a desconfiar que não seja sempre algo tão legal assim. Não sei onde isso vai dar. Também não tem nenhum vídeo on line.
10 - Dorme. Fecha o disco mais como uma bonus track do que como faixa em si. Preferia pô-la no meio, mas fui voto vencido. Canção só com camadas de guitarras e voz e uma das letras mais bem feitas que Eric já fez. Confesso que ainda não fechei minha parte. Eles dizem que sou preguiçoso. Sim, eu sou, mas em relação a isso, sou mais do tipo que espera o arranjo vir. Ele sempre vem. Tomara que não me falte.
Ainda está em votação se gravaremos ou não Contra a Parede, canção, juntamente com Pra você, solidão, do primeiro EP da gente. Aquele, do cachorro preto na capa branca. Se rolar, prometo arranjos mais enxutos e com bem menos efeitos desnecessários e porra de plug ins. Seria uma boa chance de me redimir da minha época de efeitos digitais.
Verdade é que vamos passar quase o dezembro inteiro em Goiânia trabalhando nisso. Acredito que estamos em um momento bom, calmo - apesar de estarmos um pouco atrasados com a pré por falta de tempo - e com a maturidade adequada pra gravar um disco completo, com todo este gasto de tempo, dinheiro e uma dedicação grande, apesar de não ser plena, como deveria.
Acabei de saber pelo meu amigo Eliezer que tocaremos no primeiro dia do Festival Se Rasgum, como segunda banda, às 20 e 30. Bom, em 2006 abrimos o festival. Três anos depois somos a segunda. Espero que eu não fique com vergonha de tocar depois que perder os restos dos meus cabelos pro tempo e quando vierem os filhos eu ainda possa ficar até tarde na rua, porque parece que vai demorar um pouquinho pra gente chegar lá onde, pelo menos eu, gostaria de estar. Mas é isso: ter banda é trabalho. Pelo menos pra mim. E reclamar é um prazer. E o prazer é todo meu.
Ainda está em votação se gravaremos ou não Contra a Parede, canção, juntamente com Pra você, solidão, do primeiro EP da gente. Aquele, do cachorro preto na capa branca. Se rolar, prometo arranjos mais enxutos e com bem menos efeitos desnecessários e porra de plug ins. Seria uma boa chance de me redimir da minha época de efeitos digitais.
Verdade é que vamos passar quase o dezembro inteiro em Goiânia trabalhando nisso. Acredito que estamos em um momento bom, calmo - apesar de estarmos um pouco atrasados com a pré por falta de tempo - e com a maturidade adequada pra gravar um disco completo, com todo este gasto de tempo, dinheiro e uma dedicação grande, apesar de não ser plena, como deveria.
Acabei de saber pelo meu amigo Eliezer que tocaremos no primeiro dia do Festival Se Rasgum, como segunda banda, às 20 e 30. Bom, em 2006 abrimos o festival. Três anos depois somos a segunda. Espero que eu não fique com vergonha de tocar depois que perder os restos dos meus cabelos pro tempo e quando vierem os filhos eu ainda possa ficar até tarde na rua, porque parece que vai demorar um pouquinho pra gente chegar lá onde, pelo menos eu, gostaria de estar. Mas é isso: ter banda é trabalho. Pelo menos pra mim. E reclamar é um prazer. E o prazer é todo meu.
Coisa mais linda quando uma banda está em boa sintonia. Vão decolar!
ResponderExcluirPo, tenho certeza que vai ser um cdzão! Todo mundo muito maduro, e com tudo bem pensado!
ResponderExcluirAbraço vizinho...
Milton
"De repente a fumaça preta de LOST vem me pegar"
ResponderExcluirAinda me perguntas o por quê do piegas, né?
HAHAHAHAHAHA
Eu sei o quanto é foda agradar "os fãs", agradar a banda (no geral), e agradar a si...
te conhecendo, mesmo que só um pouco, tenho a impressão de que mesmo timbrando e misturando todos os efeitos que tu pudesses, ainda sim, tu ias reclamar de alguma coisa, afinal, tu és o Diego Reclamão que todo mundo conhece (L).
E com todas essas adversidade, acredito eu, será um cd muito foda.
Laíse Lobato.
Soube que falaram de mim nesse blog. Vim aqui ver.
ResponderExcluirHummm...
Interessante.
Abraços.
Adivinha quem sou eu????
ResponderExcluirkkkkk vc eh maaaal!!!
ResponderExcluirMuito interessante conhecer mais sobre o aero...
ResponderExcluirsorte e sucesso á vcs!
bjoks
gigante o post mas li e curti to esperando ansioso essa parada, abraços!
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