segunda-feira, março 15, 2010

Didi Pergunta: Jayme Katarro sobre FABRIKAOS 2010





Mestre em penúltimo grau - no último mesmo, só o Beto Fares - no Rock Paraense, Jayme Katarro fez a gentileza, típico da leveza de sua pessoa, de me confiar a confecção do release oficial do Fabrikaos. Para tanto, fiz-lhe algumas perguntas.

Dada a riqueza das respostas, eu não poderia simplesmente descartá-las. Resolvi, portanto, publicá-las aqui, neste compêndio de idéias boas de se cair no esquecimento.

Tempero este blog sem graça, então, com a entrevista com o Mestre Jayme Katarro.




D - Há quanto tempo rola o Fabrikaos?

JK - As duas primeiras edições do Fabrikaos foram no 1º semestre de 2007, numa casa de shows que na época abrigava muito o estilo da maioria das bandas do estúdio, mas rocker e na maioria dos caso, mais pesado, que era a Scorpions. Com a desativação da casa, o festival entrou em um hiato, até o momento de aparecer uma casa que se adequasse mais à esse estilo, o que veio acontecer agora com o surgimento do Caverna Clube, grande parceiro que encontramos nessa jornada. Na época, a idéia do festival era justamente ser uma vitrine para as bandas que ensaiavam no Fábrika Stúdio. Acho que até hoje o festival ainda tem esse caráter, de darmos prioridade às bandas clientes do estúdio.

D - Quantas bandas já passaram pelo festival?

JK - 22 bandas nas duas edições. Esse será a primeira vez que contará com 3 noites (as outras foram com duas), o que meu deu chance de colocar mais bandas, totalizando 15 apenas nessa edição.

D - Qual a média de público do evento?

JK - Isso varia bastante. Sabemos que o público de Belém é sempre surpreendente nesse aspecto. Como é um festival de médio porte, já tivemos dias vazios com 100 pagantes apenas, mas também tivemos dias com 400 pagantes. E isso graças ao público mais pesado, que é geralmente quem enche mais a casa. É incrível como o estilo mais marginalizado e com menos chance na mídia acaba sendo geralmente o de maior público.

D - Este ano o festival está mais variado nos estilos. Isso tem algum fundamento mais profundo, como acompanhar a tendência de todos os festivais do mundo, ou é só coincidência?

JK - Apenas era um desejo que eu tinha desde o início. Na verdade, já tivemos bandas como Stigma, Sincera, Bizzózzeros e outros, que tinham um som mais, digamos assim, leve, mas acho que não chega à descaracterizar o evento. Sempre pensei em fazer um dia mais alternativo, mesmo na época da Scorpions. Até havia um nome para isso, que era o Fabrikaos Pop / Rock. Mas acabei aceitando a sugestão do amigo sandro-K (Abunai Produções) de misturar os estilos em cada noite, pra não segmentar.
D - Que parceiros / colaboradores / patrocinadores estão contigo nessa empreitada?

JK - Geralmente o Ná Figueredo sempre apóia. Tirando ele, Há uma parceria forte com a galera da Abunai Produções, que inclusive me ajuda um pouco até na parte executiva do negócio.

D - Quais os impactos que imaginas que o único evento exclusivamente ROCK da cidade gera na cadeia produtiva da cena local?

JK - Quando eu fiz as primeiras edições, os eventos desse tipo na cidade careciam de uma melhor estrutura, com som bom, iluminação, ou seja, um mínimo de infra necessário. Eu como músico, sei que uma banda merece acima de tudo, respeito, o que as vezes, não encontramos em determinados eventos. As vezes paira um certo amadorismo no ar. Com raríssimas excessões (como os festivais do Se Rasgum por exemplo), a questão qualidade e respeito são colocadas à disposição pras bandas, e é isso que pretendemos mostrar. Infelizmente, por falta de maiores apoios, não será possível pagar cachês para as bandas, pois os custos são altos justamente por estarmos levando uma boa estrutura de som e iluminação ao local, e isso de certa forma me deixa um pouco frustrado, pois acho que já é mais que merecido as bandas tocarem e receberem ao menos uma ajuda de custo. espero que nos próximos eu consiga apoio para isso. 


D - Quais as principais atrações desta edição de 2010?

JK - É difícil escalar as principais. Cada dia tem algumas bandas mais fortes, mas todas para mim são de suma importancia, tanto que o tratamento é igual para todas. O Dharma foi uma banda que eu vi crescer aqui mesmo dentro do estúdio. O Aeroplano está prestes à lançar um CD, seria injusto não entrar nessa noite mais alternativa. O Letrac e o Myttus são bandas relativamente novas mas que tem um puta potencial, tanto que tiveram destaque no CCAA Fest. O All Still Burns tem um grande público dentro do seu estilo (metalcore). Também será a primeira vez que duas bandas baluartes e veteranas da cena Punk / HC estarão no festival, que é o Delinquentes e os Babyloyds. A grande estréia pra mim será o Navalha, que tem em sua formação o ex-Caustic Andrey Moreira. Adoro estréias no festival. Quando lembro que o Telaviv estreou na 1ª edição do festival, uma ponta de orgulho se acende e me reforça o animo. A noite de metal nem se conta. Coloquei 4 bandas headliners num único evento (Anubis, Telaviv, Warpath e Tenebrys). Acho que o teto vai tremer, hehe. Sem contar também que sempre há as bandas de abertura, bandas mais novas ou que não estão tanto na mídia, mas que merecem uma chance nessa vitrine, como o Freak (post-core) e o Raich (heavy metal), ambas muito boas. No caso do Síncope, a banda nem é tão nova, mas merecia entrar nesse festival, pois acho uma banda muito excelente que ainda não teve uma boa oportunidade para mostrar melhor seu trabalho.  



D - Planejas tornar o festival maior, trazendo bandas de fora ou coisa do gênero?

JK - Não. O fabrikaos é exclusivamente para bandas que ensaiam no estúdio. Para esse outro tipo de evento, tenho o Tacakaos, que também é um selo e lançou o 2º CD da Delinquentes (em parceria com o Ná Figueredo).

D - Que tipo de diálogo o Fabrikaos mantem ou poderá vir a ter com coletivos, produtoras e outros festivais fora do Pará?

JK - Penso em trazer bandas de fora, e qualquer parceria pode ser válida, mas com o festival Tacakaos.


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